sábado, 13 de março de 2010

Comunidade Nossa Senhora do Carmo

Sábado 13 de Março de 2010 III Semana da Quaresma
Formação
LITURGIA DAS HORAS

É uma das maneiras de cantar os louvores do Senhor;
A oração pública do povo de Deus é considerada, com razão, as principais funções da Igreja;
Várias vezes os Atos dos Apóstolos atestam que a comunidade cristã orava em comum (At 1,14; 2,42; 4,24; 12,5.12);
Documentos da Igreja primitiva testemunhava que os fiéis, em particular, se entregavam à oração, em determinadas horas;
Estas orações foram sendo, gradativamente, organizadas e aperfeiçoadas com o ciclo completo das Horas;
Liturgia das Horas → Oração de louvor e petição. É a oração da Igreja com Cristo e a Cristo.


1. ORAÇÃO DE CRISTO

· Jesus veio a Terra para glorificar o Pai, por toda sua vida, pela sua oração incessante;
· A atividade cotidiana de Jesus está muito ligada à oração: quando o Pai revela sua missão, antes de chamar os apóstolos, o bendizer o Pai na multiplicação dos pães, ao se transfigurar no monte, quando ressuscita Lázaro, antes de ensinar aos discípulos como devem orar, quando os discípulos voltavam das missões, ao abençoar as crianças, quando roga ao Pai por Pedro, no momento de Sua Agonia e na Cruz;
· O Evangelho mostra Jesus rezando a noite; bem cedo, pela manhã, na montanha; na solidão do deserto;
· Jesus participa da liturgia do seu povo, quando ia à Sinagoga, em dia de Sábado; na celebração da Páscoa;
· Como Redentor e Sacerdote, Rei do Universo e dos homens, Jesus louva, adora, agradece, suplica, em nome e em prol da humanidade pecadora e, vivo para sempre, intercede ao Pai, em favor de todos os homens.


2. ORAÇÃO DA IGREJA

· O próprio Mestre deu a Igreja o mandamento da oração incessante (Lc 18,1); e da Oração comunitária: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei com eles” (Mt 18,19);
· Orar ao Pai, em nome de Jesus (Jo 16,23);
· Jesus nos comunica Seu Espírito, que nos ensina a rezar e a viver como Cristo orante viveu. Assim, a oração da Igreja perpetua a de Jesus, inspirada pelo Espírito Santo, prosseguindo a obra redentora;
· Através dos Evangelhos e das Cartas de São Paulo, a Igreja entende a necessidade da oração incessante;


3. O VATICANO II E A LITURGIA DAS HORAS

· O Concílio Vaticano II enunciou os fundamentos de reforma da Liturgia das Horas, por Paulo VI, que aponta 3 princípios:

a) A Liturgia das Horas não pertence unicamente aos monges e padres, mas a todos os fiéis, que são convidados a participar, seja em particular, seja em comum, na grande Oração da Igreja;

“A Liturgia das Horas, como as demais ações Litúrgicas, não é ação particular, mas algo que pertence a todo o corpo da Igreja, e a manifesta e atinge” (IG, 20)
· O Concílio deseja que as Horas da manhã e da tarde sejam celebradas nas Igrejas paroquiais, sobretudo nos Domingos e festas;
· É um empobrecimento reduzir a liturgia somente a Liturgia Eucarística;
· Promoção, nas comunidades cristãs, a celebração das Laudes e das Vésperas, para levar os fiéis a descobrirem o sentido da Igreja e da Liturgia;
· Recomendações aos religiosos e leigos.

b) A Liturgia das Horas visa santificar o tempo, por isso, ela acompanha o curso do dia e do ano cristão.
· No mundo inteiro e em qualquer momento, a Igreja está diante do seu Senhor, e assim cumpre o mandamento de rezar sem cessar;
· A reforma conciliar introduz mais flexibilidade, pelas exigências do homem moderno e sua vida bastante ocupada;
· Oração da Manhã e da Tarde → Horas básicas;
· É uma Oração inserida no tempo litúrgico da Igreja.

c) A Liturgia das Horas deve ser “uma verdadeira fonte de piedade” e oferecer “um alimento para a oração pessoal”
· Apresentação de Salmos com títulos e novas antífonas, a variedade e a riqueza dos hinos e leituras bíblicas, etc.




4. HINOS E SALMOS

· Cada Hora contem 3 partes essenciais: o louvor (hinos e salmos); a escuta da Palavra; preces e súplicas;
· O Hino tem origem na Igreja Apostólica: São Paulo, em suas cartas, refere parte desses Hinos que os cristãos cantavam na Liturgia;
· O Hino deve apresentar conteúdo teológico, pois proclama o mistério da fé;
· Função do Hino: tornar mais fácil e mais alegre a oração. Através dos hinos, a voz da Igreja e dos escritores se une à voz do Espírito, que fala pelos autores da Bíblia;
· O Hino nos introduz na celebração da Hora, do Tempo e da Festa;

· Salmodia: o coração da Liturgia das Horas. São esplêndidos poemas, com imagem e ritmo próprio. Tem a virtude de elevar até Deus a mente, e despertar afetos piedosos e santos. Não são leituras nem orações compostas em prosa; são poemas de louvor;
· Do grego psalmói: “cânticos para entoar ao som do saltério” → caráter musical dos Salmos;
· Salmos: “o espelho da alma” (Santo Atanásio), por traduzir nossos sentimentos: medos, tristeza, louvação, admiração, humildade, alegria, contrição, confiança em Deus;
· Concílio Vaticano II: Salmos são distribuídos num espaço de 4 semanas (Saltérios);
· Cada Salmo é acompanhado de:
- Título: sentido geral;
- Breve frase tirada, quase sempre, do Novo Testamento: destacar o valor cristológico;
- Antífona: a chave do Salmo, pensamento central ou sua relação com o Novo Testamento.

v Modos de rezar ou cantar Salmos e Cânticos: a) em seguida, lendo ou cantando do início ao fim; b) alternando versos ou estrofes em 2 coros; c) modo responsorial, repetindo a antífona ou versículo de cada estrofe.

5. ESCUTEMOS A PALAVRA DE DEUS

· Escutar a Palavra é um modo de orar, adorar e contemplar o mistério de Deus;
· Salmodia precede e dispõe os corações a acolherem a proclamação dos textos sagrados;
· Na celebração comunitária, possivelmente acrescenta-se uma “breve homilia” ou leitura de um trecho de um autor espiritual;
· Responsório Breve ou Canto Responsorial → Resposta a Deus pela palavra proclamada.

6. PEÇAMOS AO SENHOR

· A petição é, também, um modo autêntico de louvor, pois proclama o poder e o amor de Deus, nos quais acreditamos;
· Insistência de Jesus nos Evangelhos;
· Laudes e Vésperas → última parte da Liturgia das Horas;
· Preces ou intercessões, Pai Nosso;
· Intenções gerais e particulares;
· Oração da Coleta, Bênção e despedida.

7. OS LOUVORES MATUTINOS (LAUDES) E O CÂNTICO DE ZACARIAS

· Esta Hora consagra os primeiros momentos do novo dia; anunciar, pela manhã, a bondade de Deus (Sl 90);
· Evoca, igualmente, a ressurreição de Jesus, Luz do mundo, que venceu as trevas da morte;
· “Deve-se orar de manhã, para que, pela oração, se celebre a Ressurreição do Senhor” (São Cipriano, séc. III);
· Por isso, desde a aurora, os textos do Ofício, sobretudo aos domingos, nos apresentam o Cristo Ressuscitado, e o tema da luz permeia toda esta Hora.

a) Salmo Invitatório
· Introduz-nos na Oração da Manhã;
· Salmo 94: convida a Assembléia a “cantar os louvores do Senhor” e a “escutar a sua voz”;
· Outros Salmos podem substituí-lo: 99,66 e 23;

b) Hino: destaca o significado da Hora ou da Festa

c) Salmodia
· Parte central do Ofício;
· 1° Salmo: é uma prece matinal, expressa a nossa sede de Deus, a nossa confiança Nele, os nossos pedidos suplicantes;
· Cântico: do Antigo Testamento. Participamos das orações dos profetas que, perante Deus, manifesta suas angústias, confiança, adoração, esperanças. Com eles, nossos antepassados na fé, aguardamos a salvação que vem de Deus;
· Último Salmo: Salmo de louvor.

v Os Salmos de Domingo salientam o significado pascal do dia;
- 1° Domingo (Rezado nas Festas e Solenidades):
Sl 62. Expressa o desejo de encontrar o Senhor desde a aurora;
Cântico da Criaturas (Daniel): a grandeza do Criador;
Sl 149. Alegria dos santos e o triunfo do Cristo Rei, entrando na sua glória.



- Outros domingos
Sl 117: Vitória pascal de Jesus
Sl 92: Majestade de Deus “vestido de poder e de esplendor”, dominando céus e terra.

v Sextas feiras → Sl 50. Relembrar a nossa condição de pecadores e nos convida a imitar Davi no seu arrependimento.

d) Cântico de Zacarias (Benedictus)
· O centro e o ponto alto da Hora;
· Após bendizerem o Senhor pela grandeza do Universo e pelos seus inumeráveis benefícios, os filhos da Igreja repetem o Hino do ancião e louvam o Pai, que nos deu o seu Unigênito, nosso Salvador, e que O ressuscitou dos mortos, na madrugada da Páscoa;
· Proclama a visita do Rei e Senhor prometido a Davi e aos profetas;
· Zacarias saúda seu filho, João Batista, mensageiro enviado, a fim de preparar uma estrada para a chegada do Rei;

e) Preces → louvores e intercessões, restauradas na celebração eucarística;

f) Pai Nosso → santifica-se o início do dia, rezado solenemente por todos.

g) Oração da Coleta

h) Saudação e Bênção

8. A ORAÇÃO DA TARDE (VÉSPERAS) E O CÂNTICO DE MARIA

· A assembléia se reúne para agradecer ao Senhor, pelos benefícios recebidos;
· Evoca o sumo Sacrifício de Cristo na Cruz → sacrifício da tarde ou “sacrifício de louvor”;
· No templo de Jerusalém oferecia-se, no fim da tarde, um sacrifício ritual,
· Depois da reforma conciliar, a Oração da Tarde comporta somente de 2 Salmos e um Cântico do Novo Testamento, podendo este ser dos escritos de São Paulo e do Apocalipse, dando um cunho mais cristológico.

v Aos domingos, os Salmos põem em destaque o mistério pascal.
· Sl 109 → Messias glorioso, Rei e Sacerdote, que o Pai gera no esplendor da santidade, e ao qual ele entrega o cetro de poder sobre todas as nações. É rezado em todos os domingos;
· Sl 113 A → Exalta os prodígios divinos e os milagres que acompanharam a libertação do povo judeu, ao sair do Egito, e ao atravessar o mar vermelho;
· Sl 113 B → Glorifica o único Deus, bem acima dos ídolos, abençoando seu povo;
· Sl 110 → descreve as obras maravilhosas do Senhor;
· Sl 111 → proclama a felicidade do justo, que brilha como a luz nas trevas.
· Cântico dos Eleitos : as núpcias do Cordeiro imolado e glorificado, junto à Esposa vestida de sua esmada beleza. (Ap 19,1-2. 5-7);
· Quaresma → I Pd 2,21-24. Aclama o Servo de Deus que pelos sofrimentos e, pela Sua Paixão, curou as nossas chagas.

Magnificat → ápice das Vésperas. A Igreja se une a Nossa Senhora para exprimir, com ela, a sua gratidão.
· Costume do povo judeu: a noiva, na ocasião do seu casamento, compunha e cantava um poema de amor, manifestando a sua alegria, a felicidade da família, dos amigos, que respondiam ao poema cantado com um estribilho, batendo palmas e dando risadas;
· O “sim” de Maria na Anunciação, leva a Virgem às pressas ao encontro de Isabel, e entoa o seu poema de amor e agradecimento, o Magnificat;
· Maria exulta em seu Salvador, presente no ventre dela, como Ana, ao conceber Samuel;
· A Igreja, como a Virgem, se regozija, porque crê na Palavra infalível de Deus, na fidelidade divina inabalável como rocha;
· Cântico da vitória do amor divino e a libertação dos pobres;

· Termina-se a Hora como nas Laudes.


9. PARA REZAR ANTES DE DESCANSAR (COMPLETAS)

· Antes do repouso noturno, A Igreja nos convida a elevar, uma vez, o coração a Deus, mesmo passada a meia-noite;
· Homens e coisas entram em repouso e silêncio. A noite apresenta a imagem da morte;
· Noite → hora da tentação e das ciladas. Por isso, o cristão recorre ao Senhor e Nele põe a sua confiança;
· Recordam o repouso do Senhor que, no túmulo, aguarda o momento luminoso da Ressurreição. Os textos, escolhidos com cuidado, desenvolvem estes temas.

· Etapas
a) Pausa para exame de consciência e um ato penitencial;
b) Hino;
c) Salmo
- Sábado: Sl 4 → agradecimento ao Senhor “a segurança do nosso repouso”, e Sl 133, oração noturna rezada no templo de Jerusalém;
- Domingo: Sl 90 → o Senhor é nosso refúgio no dia da tribulação e tentação;
- 2 a, 3 a e 4a → Salmos que expressam nossa confiança absoluta e nossa súplica filial ao Pai celeste. Salmos 85, 142, 30 e 129;
- Quinta-feira: Sl 15. Deus é a nossa herança. Com Jesus, não seremos esquecidos nas trevas da morte e do sepulcro;
- Sexta-feira: Sl 87: abandono de Jesus na Hora da Sua Paixão. Expressa a nossa profunda angústia, diante da nossa última hora;

d) Leitura Breve;
e) Responsório: “Senhor, em vossas mãos eu entrego o meu espírito”;
f) Cântico de Simeão;
g) Oração conclusiva → último desejo. Paz, confiança na Ressurreição, repouso no Senhor;
h) Antífona Mariana


10. LITURGIA DAS HORAS: UMA CELEBRAÇÃO

· Liturgia das Horas: não é uma leitura, nem simples recitação, mas uma celebração alegre e recolhida;
· Exige atitudes, gestos e sinais. Ninguém reza apenas com a mente;
· É realizada em Igreja ou Capela. Em outras hipóteses, um local digno, bem arrumado, que favoreça o recolhimento;

v Sinal da Cruz:
- No início da Hora: “Vinde, ó Deus em meu auxílio....”
- No início dos Cânticos Evangélicos;
- Bênção Conclusiva.

· Rezar de pé: disponibilidade, respeito, vigilância, prontidão;
· Quem escuta e medita a palavra pára e senta;
· Um celebrante orante ajuda a comunidade a rezar.



FONTE
O que é a Liturgia das Horas? Pe. Alberto Boissinot. Coleção: Temas de Espiritualidade n° 11. Edições Loyola.

Instrução Geral sobre Liturgia das Horas.

Constituição Apostólica Laudis Canticum. Pela qual se Promulga o Ofício Divino Renovado por Mandato do Concilio Ecumênico Vaticano II.

Liturgia das Horas. Disponível em: http://www.liturgiadashoras.org/home.html


Mestre de Formação Gardênia
Martins de Sousa
Comunidade Nossa Senhora do Carmo Goiânia-GO


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